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Curtindo a vida adoidado – Sessão da tarde leve e reflexiva no COC Novomundo

Na última terça, 30, os alunos tiveram mais uma sessão do Clube do Filme – projeto de cinema de nossa escola – com orientação do coordenador JRoberto e do auxiliar Renato Maciel.

Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller’s day off, 1986) é obviamente um clássico da Sessão da Tarde – e conta a história de um adolescente que decide “bolar” aula num nível máximo de superação e maestria. Este foi o filme escolhido para a turma nesta edição do Clube do Filme. E – acreditem – eles adoraram. Mesmo sendo antigo, mesmo não tendo celulares.

Parece estranho que utilizemos este filme, afinal, a temática do clássico de John Hughes incentivaria a mesma ação dos alunos? Aí pensamos: seria o mesmo que dizer que os videogames de futebol, tão famosos entre nossos jovens, os transformariam, num piscar de olhos, em atacantes do Real Madrid.

Assim Ferris Bueller’s day off entra em nossa análise do Clube do Filme como um clássico do cinema dos anos 80 – essencial para compreender linguagem cinematográfica, construção de roteiro, comédia, sensibilidade, criatividade, enfim inúmeras possibilidades mesmo que num filme aparentemente – e só aparentemente – banal.

Ferris (personagem do “perfeito para o papel” Matthew Broderick) é um típico adolescente de classe média americana. Entediado com a escola tradicionalista e entediante, o jovem arma um plano elaboradíssimo para se livrar de mais um dia de aula… mas para Ferris não basta simplesmente fugir. Ele tem de levar o melhor amigo e a namorada a ótimos restaurantes, museus, jogos e tudo aquilo que ele considera parte de um dia incrível.

O que destoa – para o bem da personagem – é o fato de que Ferris Bueller arma seu plano, mas admira a arte; Engana o diretor da escola, mas trata bem as pessoas; Mente para os pais, mas joga o lixo no cesto. Essas dicotomias fazem dele um personagem completo, com claros defeitos e qualidades também aparentes. Isso o torna um herói mais próximo de seu público (nós), já que carregamos as mesmas porções.

Em sua cinematografia a obra é aprimorada. Inova os anos 80 com takesespeciais sobre os olhos das personagens principais e com o recurso do protagonista que conversa com a plateia (relação eu-tu). Assim, o diretor dita uma narrativa de cortes e música com função diegética (os sons não são para simples decoração, já que compõem ação, clima, sensações). As técnicas são referenciais até hoje. Não é à toa que o diretor John Hughes produziu outros clássicos da época, como Clube dos 5, Gatinhas e gatões, Garota de rosa shoking… todos aparentemente levados para a comédia, mas sempre abordando a difícil temática das relações parentais – item importante também em Ferris Bueller’s day off.

Curtindo a vida adoidado é de 1986, mas ainda é obrigatório. Divertido e inteligente, é um filme para ser visto legendado (e até dublado, com as vozes dos anos 80, época em que esse recurso tinha mais charme). Dê uma chance a este filme que certamente você já assistiu, mas que vale repetir a sessão. Ele continua moderno, e muito antes dos filmes Marvel, já trazia cenas pós-créditos e – apesar da carência de grandes recursos tecnológicos – tem grandes formatos de narrativa e criatividade.


* JRoberto Sousa.

Coordenador e professor de literatura, redação e teatro

Livros da Fuvest são chatos mesmo?

 

Nosso professor coordenador José Roberto listou três obras para você conhecer estes livros que – apesar de obrigatórios – são fundamentais para qualquer leitor.


Por Professor Coord. José Roberto

A gente cresce e alguns livros, neste processo, parecem se tornar marcas que mais se aproximam de feridas rá rá rá (imitando José Simão). O fato é que muitos clássicos fazem a gente torcer o nariz. E há muitas razões para isso, desde as fatídicas provas obrigatórias até a linguagem descritiva idealizante que, em muitos casos, não se adequava às idades e à formação de nossa juventude.

Ela me deu “O cortiço” para ler…

Eu mesmo quando tinha 13 anos já me interessava muito por leitura. Procurei a professora de português para receber uma dica. Eu queria ler algo especial e intenso. Ela foi até a biblioteca e me deu em mãos o livro de Aluísio Azevedo, “O cortiço”. Animado segui para a leitura e não passei da quinta página rá rá rá.

É fato que eu não estava preparado para aquilo. Minhas leituras andavam pelos quadrinhos de Batman e Monstro do pântano, de Allan Moore. Apesar de ser literatura muito séria e de qualidade, ainda não me dava o vocabulário e os suportes narrativos necessários para obras mais densas.

O tempo passou. E já com marmanjo de 20 anos tentei “O cortiço” e pirei naquilo. Era muita maldade, muita intensidade, muita crítica, muito tudo! Era – finalmente – especial e intenso.

É por isso que na coluna de literatura de hoje vou falar sobre três livros da Fuvest – estas obras consideradas “nariz torto” por mim lá no passado e por muitos até hoje, mas que com um novo olhar podem ser absorvidas de maneira especial – até se mostrarem transformadoras.

 

Iracema – José de Alencar

iracema

Fatalmente o que cativa na obra de José de Alencar são as possibilidades que o autor encontra para descrever cenários, sentimentos e acontecimentos. Uma leitura mais atenta à obra revela que a história tão conhecida da índia Iracema (repare no anagrama revelador do nome da heroína = América) que se apaixona pelo guerreiro português Martin (Marte é deus da guerra na mitologia) vai além das convenções do amor impossível.

É um deleite perceber a fluidez das palavras de José de Alencar. Seu texto aproxima-se do poético pelas sonoridades e pelas imagens que produz. Além destes aspectos que criam camadas sonoras e visuais intensas em seu livro – perceber a forma como o autor reproduz sentimentos é de “cair o queixo”, impossível não se deixar levar pela musicalidade do texto de Alencar.

Uma curiosidade: “Iracema” é premissa para o sucesso “Avatar”. Quem gostou do filme encontrará inúmeras coincidências (será?) com o livro. Não deixe de comentar aqui.

Vidas Secas – Graciliano Ramos

vidas secas

Seco. Conciso. Contundente. Cacto. A escrita de Graciliano Ramos (na minha modesta opinião o maior escritor brasileiro) revela trabalho minucioso na construção de cada frase. Este poder de objetividade é uma arma que nos arrebata quando, cirurgicamente, Graciliano nos faz sentir, mesmo que as personagens de “Vidas secas” sejam desprovidos de tudo – até de sentimentos.

A história mostra uma família que tenta fugir da seca. Miseráveis até nas palavras, os membros desta alquebrada família sobrevivem, reagindo como bichos aos desafios que surgem.

A crítica social bate forte quando surgem as figuras do Soldado amarelo e do Dono da fazenda – símbolos máximos de um Brasil ainda presente.

Animais brutos, a família é a antítese dos bichos – em especial – a cadela (mais humana da literatura) Baleia. Prepare-se para este capítulo.

A literatura de Graciliano Ramos é uma aula de fluidez de texto e construção. Curiosamente, se você se aventurar pelo livro, verá que os capítulos não atendem à forma tradicional de sequência. É possível ler o livro sem seguir sua cronologia (uau!).

 

Sagarana – Guimarães Rosa

sagarana

Inventor de linguagem e palavras, Guimarães Rosa é um autor para quem quer encontrar uma experiência de leitura. É fácil lê-lo? – Não, não é… mas é justamente na exuberância vocabular de Rosa que encontra-se seu maior tesouro.

O livro apresenta nove contos, e tem como cenário o sertão verdejante da Bahia e Minas Gerais, além de outras regiões promissoras, outras afastadas. Na sequência de contos, o autor apresenta um rol de personagens inóspitos, humildes e taciturnos; folclóricos e sofridos – sempre tateando a vida, trazendo em suas inquietações (inexplicáveis para eles mesmos) o universalismo das dores e questionamentos humanos.

Além da construção de histórias aparentemente simples, a fala de cada uma dessas personagens (seja doutor ou jagunço) é musical, e abre para o leitor um universo de sentidos talvez impossíveis de explicar. Exemplo: Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagravava-se, num desafogaréu”. Depois de ler coisas assim, fica impossível não introduzir nos seu próprio vocabulário as palavras de Guimarães.

“A volta do marido pródigo” e “A hora e a vez de Augusto Matraga” são meus contos preferidos. Mas, claro, minha opinião não é importante – então tente descobrir você mesmo onde se ver – como num espelho – nas palavras deste mestre.


PS.: se você quer saber mais sobre os livros da Fuvest comente aqui, certamente as análises não serão resumos para o exame vestibular, mas levarão você a outros possibilidades de leitura. 

Leitura e Memória

Professora Lygia Cavalcanti *

Aldo era o nome dele, sempre lendo alguma coisa, livro, revista, bula de remédio, etc. não tinha preconceito com nada. Quer dizer, quase nada. No início tinha raiva dessas leituras que tiravam sempre um pouquinho do tempo dele comigo, ficava emburrada, fazia pirraça, mas nada adiantava quando ele estava lendo, o mundo podia desabar ao seu redor.Com o tempo, percebi que a concorrência era uma causa perdida e resolvi ler também só pra contrariar, só pra chamar atenção e não é que deu certo.Começou a me indicar suas obras prediletas e conversávamos constantemente sobre elas, meu tempo com ele aumentou e pra melhor. O melhor de tudo é que acabei gostando e não parei mais. Hoje, toda vez que leio um livro que me agrada viro uma espécie de garota propaganda.Em todas as rodas de conversa falo do autor, do enredo, às vezes, até mais exagerada, compartilho trechos, frases, pensamentos, por exemplo, como não amar este convite a leitura feito por Lázaro Ramos em seu livro Minha Pele:

“A linha que costura este livro é a minha formação de identidade e consciência sobre esse tema, mas que, no fundo, é só um artifício para falar de todos nós”.

Ou esta frase da Chimamanda Adichie em “Como Educar Crianças Feministas”

“Ensine-lhe sobre a diferença. Torne a diferença algo comum. Torne a diferença normal. […] Ao lhe ensinar sobre a diferença, você a prepara para sobreviver num mundo diversificado. Ela precisa saber e entender que as pessoas percorrem caminhos diferentes no mundo e que esses caminhos, desde que não prejudiquem as outras pessoas, são válidos e ela deve respeitá-los”

Apesar de inúmeros livros, histórias e benefícios da leitura como: enriquecer o vocabulário, estimular a memória, desenvolver a criatividade, nos faz enxergar o mundo de forma diferente entre outros tantos benefícios. Mas quando comparamos esses benefícios com os índices de leitores no Brasil percebemos que todas as vantagens da leitura não se revertem em avanços significativos em relação ao aumento do número de leitores. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro.

Além disso, o brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano – desses 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria e, pra piorar, dos professores entrevistados, 50% responderam que não lembravam de nenhuma leitura feita recentemente. Os números desta pesquisa foram divulgados em 2016.

Como reverter este quadro? Como positivar esses números? Como apresentar títulos que possam transformar o universo de nossos alunos e despertar o desejo de ler cada vez mais? Sabemos que temos um grande desafio e por isso criamos o Projeto Leitura que abrange todas as fases de uma forma diferente: na Educação Infantil temos os pais contadores de histórias que periodicamente se apresentam às crianças narrando contos de fadas com muito capricho no visual deixando sempre um gostinho de quero mais. Em 2017, o Fundamental I iniciou o projeto Estante Mágica onde, além das leituras, os alunos foram convidados a escreverem seus próprios textos nos quais abusaram da imaginação e criatividade. Já no Fundamental II desenvolvemos a leitura através do teatro, paródia, mapa mental, história em quadrinhos, maquete e debate dos títulos escolhidos durante os bimestres. Alguns foram bem especiais, como O Extraordinário e o Menino do Pijama Listrado.

A turma do Ensino Médio também foi bastante criativa e original na produção de vídeos sobre leituras consagradas como Depois Daquela Viagem e o Caçador de Pipas. Um tipo de trabalho que valorizou o olhar do aluno e o seu entendimento.

Possibilitar e incentivar a leitura devem ser um compromisso de todos, todos os dias. É preciso que alguém nos impulsione e nos incentive a diariamente desbravar livros nunca antes navegados, emoções jamais sentidas e segredos nunca antes revelados.

Obrigada Aldo, meu avô, você que sempre tinha um jeito de explicar as coisas sem explicação, que sempre me contou as melhores histórias e me ensinou a gostar de ler, você que até hoje me acompanha, de um jeito ou de outro, em cada primeira página de um livro novo.

E você, quem lhe ensinou a gostar de ler?


* Professora Lygia Cavalcanti, que nos escreveu esse texto no final de 2017, é professora de história, atualidades e Coordenadora no Ensino Fundamental 2 e Médio.

Foto por Alfons Morales on Unsplash

Mudando o mundo através da Matemática

Sou o professor Nedino Neto e no colégio COC Novomundo sou responsável pelas aulas de matemática para as turmas dos 6ºs e 7ºs anos do ensino fundamental 2. Sou apaixonado pelo meu ofício. Não há um dia que se passe que não tenha em mim o compromisso e a satisfação de ensinar e aprender com meus alunos.

Aliás, é por eles que dedico todas as minhas forças com um objetivo claro: levar a eles o aprofundamento da matemática sem o sofrimento habitual. Porém, gostar da matemática, ver beleza nos números e se envolver com esta matéria é algo bem diferente. E é exatamente isso que faço: levar ao aluno a descoberta – diária – deste mundo riquíssimo.

Não é tarefa fácil. Mas algumas ferramentas são fundamentais para o sucesso deste objetivo e o Projeto Tutoria é uma destas ferramentas. Por meio dele posso verificar, relatar e acompanhar o aluno de maneira individualizada, orientando nos estudos e comunicando aos pais as ações necessárias para a autonomia e o crescimento do aprendizado. O Edmodo é outra ferramenta fantástica neste processo. Nesta plataforma de mídia social educativa os alunos têm disponível aulas, atividades, revisões e todo o material necessário para aprimoramento e solução de dúvidas.

Porém, mesmo com estes recursos educar é sempre um desafio – e faço questão de me preparar, atualizar e transformar estes aprendizados em aulas que proporcionem o melhor para o desenvolvimento matemático-intelectual da criança.

Por fim, todos os suportes que utilizamos são válidos e importantes, mas sem a paixão e o compromisso para uma mudança séria e efetiva – não seria possível realizar. E esta é minha busca diária: revolucionar o universo interno dos jovens, para que eles possa revolucionar o mundo em que vivem.


Professor Nedino Neto é educador da disciplina de Matemática para as turmas dos 6ºs e 7ºs anos, além de executar o Projeto Tutoria.

Do Letramento Digital à Programação

Se entende por Letramento Digital o domínio que um sujeito tem sobre as ferramentas de comunicação e seus recursos tecnológicos. Em um mundo cada vez mais dominado pelas tecnologias digitais, é exigida cada vez mais habilidades de interação entre Homem x Máquina, e se torna vital dominar a leitura, a escrita, além de uma interação mais direta neste universo, seja através de um “download”, de um “upload” ou no desenvolvimento avançado de softwares para dispositivos.

Segundo Xavier(2002) o letramento digital pressupõe o domínio das ferramentas digitais de forma a garantir as práticas letradas, atribuindo sentido ao que se lê e escreve na tela, habilidades que envolvem a compreensão do emprego de imagens, sons, a não linearidade dos hipertextos, a seleção e avaliação das informações.

Nativos Digitais e Letramento
As novas gerações – nativos digitais –  tem seu primeiro contato com essas tecnologias já no estágio sensório-motor, período este que vai de 0 a 2 anos de idade, onde a criança percebe o mundo e atua nele passando a coordenar as sensações vivenciadas junto com comportamentos motores simples, juntando o sensorial a uma coordenação motora primária.

Antes mesmo de pronunciar suas primeiras palavras ou até mesmo se firmarem-se em pé e dar seus primeiros passos na vida real, já dão seus primeiros passos digitais movendo seus dedos em telas de tablets e celulares. Muitas destas crianças já possuem até mesmo seus aplicativos e jogos preferidos, sabendo inclusive reconhecê-los através de seus ícones de forma natural e intuitiva.

É dos 7 aos 11 anos de idade, que acontece o Estágio Operatório Concreto, fase do desenvolvimento do raciocínio, onde a criança começa a lidar com conceitos numéricos e as relações entre eles, passando a desenvolver habilidades para solucionar problemas concretos de forma mais consistente. Neste estágio a criança aparenta ter “total conhecimento” na operação dos recursos tecnológicos disponíveis, impressionando toda a família, inclusive os pais.

No entanto, saber utilizar estas tecnologias de forma produtiva, se torna um desafio em um cenário educacional onde estes jovens direcionam este “conhecimento” para redes sociais e troca de mensagens.

É neste cenário que o Colégio COC Novomundo atua através do Letramento Digital, onde temos como foco direcionar a maneira como os alunos e alunas consomem todas estas informações disponíveis na internet de uma forma mais efetiva fazendo com que desenvolvam um senso crítico e saibam filtrar as informações, além de fazer com que não sejam apenas consumidores de tecnologia, mas que sejam capazes de produzir seus próprios conteúdos, seja na criação de jogos digitais, aplicativos ou websites para a internet, deixando assim de serem meros coadjuvantes digitais e passando a ser protagonistas de sua própria história.

Produzindo o conhecimento
À partir do 4º ano do Ensino Fundamental 1 os alunos passam a ter seu primeiro contato com o Letramento Digital através de atividades educativas, onde têm contato de forma lúdica e interativa com conceitos superficiais sobre programação que com o tempo vão se ampliando ao passo em que o aluno vai se desenvolvendo e superando os desafios propostos.

Já as turmas do Ensino Fundamental 2 e Médio tem contato direto com as principais ferramentas de desenvolvimento utilizadas na atualidade, estando aptos a desenvolver jogos e conteúdos digitais com mais fluência, através das linguagens de programação HTML, JavaScript, CSS e PHP. É durante esse estágio que os alunos deixam de ser meros consumidores de tecnologia e passam a produzir seus próprios aplicativos e conteúdo.

Neste nível são abordados conceitos lógicos mais avançados onde é necessário ter uma boa base de conceitos matemáticos para a resolução dos problemas propostos. Aqui se espera que o aluno tenha autonomia para pesquisar, refletir, interpretar e buscar alternativas para a resolução de seus problemas, superando assim seus desafios e aumentando sua velocidade de raciocínio.

“As escolas que ainda não introduziram o Letramento Digital em sua grade, estão andando na contramão do desenvolvimento educacional de seus alunos”.

Com professores extremamente conectados e em constante treinamento, o colégio COC Novomundo vem seguindo tendências internacionais de educação e tecnologia digital. No Brasil, nossa escola é uma das pioneiras no Letramento Digital e na utilização efetiva de recursos tecnológicos digitais em prol da educação, contribuindo plenamente para o crescimento dos nossos alunos, tornando-os cidadãos conscientes e aptos a enfrentar os desafios de um mundo em constante evolução.


Referência Bibliográfica:

XAVIER, A. C. dos S.. Letramento digital e ensino. 2002. Núcleo de Estudos de Hipertexto e tecnologia Educacional- NEHTE. Disponível em:< http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento-Digital-Xavier.pdf> Acesso: 18 de outubro 2017.


Professor Washington ministra as aulas no laboratório de informática para as turmas do Infantil, Fundamental e Médio no Colégio COC Novomundo.

Conversas que iluminam

Resolvi começar a minha contribuição para o blog da escola contando uma história. Nada que faça estranhar quem me conhece. A escolha foi por uma história pessoal, aquela que me trouxe para trabalhar em 1997 no colégio COC Novomundo. Na época, eu tinha 22 anos e um propósito muito claro: melhorar o mundo. Sabia que a escola era o cenário apropriado para iniciar meu objetivo.

Quando fui chamada para a entrevista, tive a certeza de que estava sendo encaminhada para o lugar certo. A escola me contratou para realizar um trabalho com alunos de 4 a 14 anos de idade, onde os temas abordados seriam questões de autoconhecimento, relações e valores. No espaço de uma aula semanal, eu estaria junto com cada turma. Eram encontros onde não seriam avaliados, não precisavam mostrar seus conhecimentos e sim falar e ouvir sobre suas emoções.

Dá para imaginar a beleza desses momentos ?

Nesses encontros, muito do que era iniciado como conversa, precisava de um cuidado a mais depois. Muitos problemas pessoais começaram a ser detectados. E o vínculo que cada aluno tinha a chance de formar comigo permitia uma conversa sobre qualquer problema que se pudesse enfrentar na escola e na vida.

Estamos em 2017 e os encontros continuam. Isso porque estou numa escola que não tem apenas o interesse em formar alunos academicamente competentes, mas também um ser humano emocionalmente equilibrado. Quando um aluno entra na sala o cuidado é dirigido a ele, o mundo lá fora está lá fora, mas o aluno é ele mesmo um mundo, e quando cuidamos bem dele, é do mundo que estamos cuidando.

Esses encontros criaram uma outra demanda no trabalho que desempenho na escola: Conversas. Assim, sigo com os encontros e com as conversas que as crianças e os jovens me solicitam a fim de solucionar uma dor, ou outras conversas que incentivo que eles tenham para resolver conflitos. Nessas conversas clareza e simplicidade são virtudes. Dedicação e amor são necessários para conquistá-las e preservá-las. Parece tranquilo, mas ser simples e claro pode ser perigoso, nos dá a sensação de exposição. Não sei se já perceberam que conversar é uma arte possível com alguns e impossível com outros, há conversas que fluem muito bem, outras nos perdemos por completo. Muitos adotam a confusão para se proteger, como o polvo que joga a tinta na água para camuflar a fuga. A simplicidade e a clareza podem tocar corações, transformar conceitos e atitudes… O momento da conversa é precioso, um momento raro como só esse pode ser, pois em nenhum outro a pessoa abre algo seu com tanta confiança. E ela o faz para que alguém a compreenda.

No meu dia-a-dia dedico grande parte do meu trabalho com os alunos em aperfeiçoar a arte de conversar. Esse trabalho é de pensamento, faz uso puramente da linguagem, mas poderia ser chamado de artesanal. Artesanal indica a diferença do industrializado, do padronizado, do que se torna generalizado, feito para alguém que não sabemos quem será. Esse trabalho de conversar é destinado a cada um, a cada situação (aluno/professor, o aluno e seu grupo de trabalho, o aluno e seu amigo). E não é aquele artesanal que poderia já estar na feirinha à espera de quem o levasse. Ele só vai ser realizado no momento em que os interessados estiverem presentes, e só será feito com eles.

É muito importante tratar de qualquer assunto trazido pelo aluno. Há assuntos que exigem aplicações de regras, neutralidade, imparcialidade. Outros exigem posicionamentos e princípios, nunca indiferença. É possível dizer que tanto faz gostar ou não de futebol, mas não é indiferente que alguém agrida o torcedor contrário quando seu time perde. Tanto faz comer goiaba ou maçã, mas não pode ser indiferente ver alguém ao seu lado passar fome. Situações que agridem os significados mais importantes que temos não suportam a indiferença, precisam de interesse e cuidado. E aqui no COC Novomundo há espaço para isso.

Artesanal também diz respeito a algo feito com as mãos. Mãos, tais como palavras, podem agredir. Mãos e palavras podem afastar, mas também são elas que aproximam, aconchegam, desfazem nós e fazem laços, mãos e palavras mostram uma direção, mãos e palavras detêm a afobação da pressa e também dão um empurrãozinho, mãos e palavras curam feridas. Quando nos referimos que alguém está em boas mãos, consideramos que ele vai ser bem tratado.

Meu propósito de 22 anos atrás continua sendo o meu sonho de hoje, e posso, sem dúvida, dizer que esse sonho se realiza em cada conversa significativa que acompanho, esse trabalho artesanal, que não consigo realizar sozinha, me faz ter a certeza de que no COC Novomundo há a oportunidade de estar em boas mãos.


Gabriela Gomiero é Psicóloga. No Colégio COC Novomundo atua como professora, psicóloga, orientadora educacional e faz parte da Equipe Diretora.

Poliglotas da própria língua

Como professora de língua portuguesa, diariamente sou questionada sobre as formas corretas de falar e escrever. Antes de despejar regras e tentar destrinchar conceitos gramaticais de difícil compreensão, muitos alunos já conhecem o início da resposta: não existe certo e errado, temos que utilizar aquilo que é adequado para determinada situação de fala.

“Opa, peraí, como assim, professora? Então, cada um pode falar do jeito que quiser? ”.

Na verdade, desde que a comunicação seja realizada com sucesso, sem ruídos (problemas no entendimento da mensagem), a utilização de “Me descola um lápis? ” ou “Poderia me emprestar um lápis, por favor? ” vai depender do grau de informalidade da situação e da relação entre os falantes. Dessa forma, hoje nas aulas de língua portuguesa, mais do que aprender os tipos de sujeito, discutimos e refletimos sobre o modo mais adequado de falar ou escrever, dependendo do ambiente no qual nos encontramos e do grau de intimidade entre aqueles que estão interagindo.

É oportuno citar a esta altura o mestre gramático e filólogo Evanildo Bechara, que sabiamente afirmava: “o falante deve ser poliglota em sua própria língua”. Ou seja, é importante dominar a Norma Culta, mas essencial é saber utilizá-la nas ocasiões adequadas, alternando com a linguagem coloquial quando necessário. Isso porque ninguém enviará uma mensagem para um colega pedindo “Por obséquio, você far-me-ia o favor de informar quais exercícios devem ser feitos para a próxima aula de Matemática?”, não é mesmo?

No Novomundo estamos afinados com as teorias mais atualizadas para o ensino da língua portuguesa. Levamos em conta nossa língua como uma fonte riquíssima de diversos “falares” (variantes). Em uma aula de língua portuguesa você poderá encontrar um poema de Camões, uma charge do Calvin ou mesmo uma transcrição de uma conversa entre amigos por meio do WhatsApp. Sendo assim, abraçamos a diversidade do português brasileiro, com seus diferentes sotaques, gírias, sem menosprezar ou supervalorizar uma variante.

Portanto, o nosso trabalho é auxiliar os alunos a trilharem o árduo caminho de dominar a utilização adequada das linguagens culta e coloquial a fim de torná-los poliglotas de sua própria língua. Além disso, pretendemos formar cidadãos conscientes da diversidade linguística de nosso país e que sabem respeitar as mais variadas manifestações da nossa língua materna.


Professora Aline Almeida é professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental fase 2 no Colégio COC Novomundo.

Crédito da imagem:  pedrosimoes7 via VisualHunt.com / CC BY

Arte educação : auto e outros conhecimentos

“A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la, como a transformá-la, aumentando-lhe a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade.”
A Necessidade da Arte”, Ernst Fischer

Diante dos últimos acontecimentos relacionados ao boicote de exposições e espetáculos teatrais, decidi escrever um pouco sobre a função da arte educação na escola e na sociedade. Não podemos em pleno século XXI pensarmos como na Renascença, a complexidade da contemporaneidade é algo que não deve ser simplificado para a manipulação das pessoas.

A criação artística está para além do senso comum e tratando-se do relato no primeiro parágrafo, ela tem como uma de suas propostas a abertura de novos olhares para o mundo. O que é velado e torna-se visceralmente exposto, incomoda a ponto de desejarem não querer ver, ouvir e sentir. A arte pode ser denúncia, algumas vezes explícita, outras mais submersas em códigos estéticos.

O trabalho da arte educação não tem a intenção de formar artistas ou críticos; isso seria uma pretensão sem tamanho. Na sala de aula os processos ocorrem de acordo com as necessidades das alunas e alunos, e sempre dialogando com o repertório pessoal e técnico que possuem. Muitas vezes é preciso o incentivo para que o objetivo da atividade não seja visto como algo inalcançável. A maioria das alunas e dos alunos, automaticamente, respondem: “Eu não sei desenhar… dançar. Eu não consigo fazer…”. Isso acontece porque a arte é vista de forma elitista, no sentido intelectual e hierárquico, e como educador, primeiramente tento mostrar que é possível e muito prazeroso criar a partir do que se imagina e não do que consideram como ideal (desenho realista, por exemplo).

Se conseguirem se divertir desenhando, pintando, movimentando e sonorizando, os conceitos serão mediados com a intenção de contextualizar e não simplesmente para decorar e responder.

A Abordagem Triangular, criada pela arte educadora Ana Mae Barbosa, fala sobre: VER – FAZER – CONTEXTUALIZAR. Essas três pontas do triângulo permitem um processo (não uma receita) que garante a liberdade pedagógica sem perda de prática ou conteúdo. A leitura de obras é um exercício simples e que organiza as percepções visuais e históricas em um momento. Muitas das aulas de arte acabam se tornando interdisciplinares, pois as obras estão diretamente ligadas ao período histórico da qual pertencem e as características desse período estão expostas ali, naquela imagem.

Ao mostrar obras de diferentes artistas, as alunas e alunos conseguem entender a variação de possibilidades em cores, formas, texturas e pensamentos na imagem e assim se permitem explorar materiais e estéticas, mesmo que não consciente tecnicamente. Então, quando falamos de arte contemporânea e de obras que trazem assuntos que são delicados e recorrentes na nossa sociedade, estamos mais uma vez contextualizando o nosso tempo.


* Professor Thiago Nascimento é arte-educador no Colégio COC Novomundo da Educação Infantil ao Ensino Fundamental.

A poesia está proibida, sentir então…

Parece errado sentir em meio à sociedade atual. Sucesso e lucro estão sempre nas pautas das grandes mídias. “Mandamentos” do sucesso pessoal envolvem – muitas vezes – lucrar. Oferece-se cursos para criar dinamismo, liderança, sinergia e engajamento na aplicação de novos meios de produção, educação e trabalho (até cansa listar coisas assim…). E neste cenário caótico percebemos que sentir é perigoso; e a poesia e as artes estão se tornando obrigações: poesia é obrigação curricular em literatura. E sentir… bem… sentir é outra coisa – obrigatoriamente sufocada. Porém é na contramão destas ideias formatadas que o Novomundo caminha (ainda bem).

Todos os dias – nós que acreditamos na educação – nos perguntamos como fazer para levar aos alunos o conhecimento. Há estratégias, conteúdos, treinos e material vasto. Educar nas escolas atualmente, apesar de ser tarefa árdua, envolve possibilidades reais. E por mais que as condições sejam adversas está sempre nas mãos do educador a possibilidade da transformação e da realização (este blog mostra vários exemplos disso). Mas a educação vai além dos conteúdos, isso é óbvio. E é no sentir de nossos jovens que pode-se encontrar o maior tesouro das suas vidas. Porém tudo pode ser perder se um aluno se cala. Ou se ele se nega a refletir sobre sua condição. E se ele se isola? E se o aluno decide não sentir? Na vastidão da superficialidade das letras de músicas da moda, nos filmes sem conteúdo e nas novelas sem preocupação social encontramos fontes usuais para evitar as coisas da alma e do coração. “A vida é difícil para os sonhadores”.

Neste cenário, que parece desesperançoso, a poesia e as artes podem – ainda – cumprir papéis revolucionários. A palavra é um catalisador e tem o poder de traduzir, transformar e ressignificar. É na intimidade das letras e linhas que o aluno se reconhece e sabe que sentir não é proibido. É por meio da palavra que ele diz, expõe, grita, marca o tempo e o espaço, e ainda consegue – na liberdade criativa que somente a arte propõe – SER. É este “ser” que nos é inerente. É este “ser” que é fundamental para nossas construções: matéria básica de nossa felicidade plena.

Obviamente as carreiras e os estudos são importantes. E certamente um juiz, ou um engenheiro, ou um médico serão muito melhores em suas áreas de atuação se tiverem convivido e praticado a beleza da poesia, do teatro, das artes – que refinam não somente gostos – mas apuram muito bem a alma para o que é belo, sensibilizam e tornam o ser generoso com outros seres. Escrever, produzir, criar – enfim – ainda é a forma mais humana e pura de se chegar a si mesmo. E diariamente penso e sinto (pensamos e sentimos) em como realizar isso. E realizamos.

É neste papel de sensibilização por meio das artes e da palavra que nossas aulas de literatura acontecem. Há outros caminhos sensíveis para as emoções em nossa escola, obviamente, mas nas aulas de artes, teatro e literatura nossos alunos podem e devem ter o coração como guias – e o que vai neste pulsar intenso e coronário é o que os marcará vivamente, por todos os tempos – fazendo-os melhores em sua carreiras, relações e almas. O resultado talvez seja incalculável – já que o “ser feliz” não tem medida nem relatórios.  Ensinar, em nosso caso,  é também sentir.


Professor JRoberto é coordenador pedagógico e educador do Ensino Fundamental I (teatro) e Ensino médio (literatura e redação) no Colégio COC Novomundo.

O lúdico e meu trabalho com as crianças na Educação Infantil

Quando um novo aluno chega em um colégio, ele pode se sentir perdido e bloqueado para fazer novos contatos, principalmente se o mesmo for da Educação Infantil. Nesta fase a criança possui como referência inicial somente os pais e pessoas mais próximas. Para Vygotsky é brincando e jogando que a criança revela seu estado cognitivo, auditivo, tátil, visual e motor. A brincadeira é uma das formas de aprender e de se relacionar cognitivamente com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.

Este ano tive a oportunidade de ministrar aulas de Educação Física para uma sala de Maternal. Como todo início, não foi uma tarefa fácil. O desafio era estimulá-los a desenvolverem atividades, principalmente em grupos. Foi uma semana inteira de reflexões de como conquistá-los!

A conquista veio pelo conhecer, estar próximo, acreditar e convencer! A forma que encontrei foi através de bolas. Vivemos no país conhecido como o país do futebol, onde, o objeto do jogo é uma bola. Pronto, estava ali a saída! Na semana seguinte espalhei várias bolas pela quadra de diversos tamanhos e cores e eles ficaram livres para jogarem para o gol, chutarem, rolarem. A partir daí percebi que todos começaram a produzir, a interagir e querer continuar.

Em outro momento uma gigantesca bola colorida foi amarrada no teto da quadra, para trabalhar o lúdico e a noção espacial, onde tinham que empurrar a bola e desviar sem deixá-la tocar no corpo. Neste dia tive certeza de ter vencido mais uma etapa.

Conhecer o aluno é algo primordial. Trabalhar com materiais onde eles têm mais afinidade e ir aos poucos acrescentando novas experiências é forma de respeitar o tempo de  todos. Com simples ações iniciamos a prática do esporte com crianças de 3 anos e hoje eles conseguem realizar qualquer tipo de atividade, individual ou em grupo com muito mais facilidade e consciência.


O Educador Físico Rômulo Sá é educador do Colégio COC Novomundo, atuando na Educação Infantil, Fundamental e Médio.

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