Poliglotas da própria língua

Poliglotas da própria língua

Como professora de língua portuguesa, diariamente sou questionada sobre as formas corretas de falar e escrever. Antes de despejar regras e tentar destrinchar conceitos gramaticais de difícil compreensão, muitos alunos já conhecem o início da resposta: não existe certo e errado, temos que utilizar aquilo que é adequado para determinada situação de fala.

“Opa, peraí, como assim, professora? Então, cada um pode falar do jeito que quiser? ”.

Na verdade, desde que a comunicação seja realizada com sucesso, sem ruídos (problemas no entendimento da mensagem), a utilização de “Me descola um lápis? ” ou “Poderia me emprestar um lápis, por favor? ” vai depender do grau de informalidade da situação e da relação entre os falantes. Dessa forma, hoje nas aulas de língua portuguesa, mais do que aprender os tipos de sujeito, discutimos e refletimos sobre o modo mais adequado de falar ou escrever, dependendo do ambiente no qual nos encontramos e do grau de intimidade entre aqueles que estão interagindo.

É oportuno citar a esta altura o mestre gramático e filólogo Evanildo Bechara, que sabiamente afirmava: “o falante deve ser poliglota em sua própria língua”. Ou seja, é importante dominar a Norma Culta, mas essencial é saber utilizá-la nas ocasiões adequadas, alternando com a linguagem coloquial quando necessário. Isso porque ninguém enviará uma mensagem para um colega pedindo “Por obséquio, você far-me-ia o favor de informar quais exercícios devem ser feitos para a próxima aula de Matemática?”, não é mesmo?

No Novomundo estamos afinados com as teorias mais atualizadas para o ensino da língua portuguesa. Levamos em conta nossa língua como uma fonte riquíssima de diversos “falares” (variantes). Em uma aula de língua portuguesa você poderá encontrar um poema de Camões, uma charge do Calvin ou mesmo uma transcrição de uma conversa entre amigos por meio do WhatsApp. Sendo assim, abraçamos a diversidade do português brasileiro, com seus diferentes sotaques, gírias, sem menosprezar ou supervalorizar uma variante.

Portanto, o nosso trabalho é auxiliar os alunos a trilharem o árduo caminho de dominar a utilização adequada das linguagens culta e coloquial a fim de torná-los poliglotas de sua própria língua. Além disso, pretendemos formar cidadãos conscientes da diversidade linguística de nosso país e que sabem respeitar as mais variadas manifestações da nossa língua materna.


Professora Aline Almeida é professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental fase 2 no Colégio COC Novomundo.

Crédito da imagem:  pedrosimoes7 via VisualHunt.com / CC BY

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